segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tradição indígena Pawnee



"Os territórios interiores são semados de emboscadas e armadilhas. São as manias, os vícios, os maus hábitos, as feridas da alma, jamais curados. Desce em ti munido da tocha do espírito. Toma consciência da maravilhosa aventura que te é ofertada: nesta terra não houve outros viajantes antes de ti."
-*-
"Quando recorres à meditação, lembra-te de que ignora tudo a teu próprio respeito. Prepara-te como para um grande encontro. Tu vais percorrer um território sagrado, encontrar os mestres-espíritos, animais de poder, a alma de teus ancestrais e a alma de todos aqueles que te precederam na senda da vida. O espírito do homem é um abismo de pura luz, que se estende além do corpo infinito e que atravessa o tempo."
-*-
"O espírito que contempla vê a dança e os turbilhões sem fim dos mundos, as luzes e as cores que estão no começo das coisas. Tudo o que o cerca, toda a esfera infinita do espaço não está mais longe dele, mas nele, no interior dele."
-*-
"Teu desejo é a primeira forma do poder. Numa profunda meditação, o desejo não é uma simples sensação que nasceria da contemplação de um devaneio. Ele se libera do sonho e carrega o corpo consigo. Tu deves fazer do desejo e do corpo um mesmo espírito, consciente de si mesmo, se queres que ele realmente aja."
-*-
"O poder é não raro transmitido pelos sonhos, sob a forma de visões coloridas, de palavras ou de contos que surgem das profundezas. Os sonhos de poder são facilmente reconhecidos. Eles deixam pela manhã um sentimento de poderosa nostalgia. Se estes sonhos costumam te visitar sempre, sabe que eles anunciam o nascimento de um poder.
-*-
"Aprende a respirar com lentidão, imaginando tua respiração como uma onda de luz cintilante e pura. Este exercício, conhecido pelos guerreiros Powhatans, proporciona grande energia."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Tradição indígena Winnebago


"O importante é estarmos conscientes de nós mesmos, de nossas relações com as coisas, com as pessoas, com as idéias. É preciso não sermos presas do jogo e aprofundarmos nossas relações e nossa percepção do mundo. Somente depois é que começa o real."

-*-

"Hoje temos medo de viver, medo de morrer, porque nunca vivemos no imediato. A reflexão nos afasta do centro de nós mesmos e nos arrasta para mundos ameaçadores, que causam desespero. O espírito brinca de criar o mundo, como o ator que se disfarça de fantasma, e nós trememos quando aparece diante de nós. Aprende a ver atrás das máscaras."

-*-

"A calma interior é um espaço bem real, uma rocha sólida que não é afetada pelos rumores do mundo nem pela agitação dos homens. Ela é o centro em torno do qual o universo se desloca, a origem e o fim de todas as coisas. O sábio não a utiliza para abrigar sua vida, isolando-se do mundo. Ele aí se mantém relaxado, em estado de vigília, lúcido e imóvel, como no olho do furacão."

-*-

"Alegria e amargura, prazer e tristeza moram alternadamente dentro da gente, assim como o dia e a noite, a vida e a morte. Se desejas progredir espiritualmente, considera-os como as duas margens de um rio que corre no mesmo sentido."

-*-

"A paz nunca chega de surpresa. Ela não cai do céu como a chuva. Ela vem para aqueles que a preparam."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Areté e Timé, as características do líder.


Atualmente há uma grande comoção mundial em torno da busca ou do reconhecimento da liderança. É notório a necessidade visceral que a sociedade atomizada pelo excesso de informações e pela falta de conhecimento manifesta em sua busca por um "eixo" doador de sentido às experiências cotidianas e às avalanches instantâneas de informações, dados, inovações etc.

Vivemos na era da criatividade e da velocidade, e precisamos, como sempre precisamos como espécie, dotar de sentido o universo caótico ao nosso redor. É dessa busca de sentido que nasce a necessidade social de "liderança" e é dessa necessidade de liderança que trato em pesquisas e trabalhos recentes como os treinamentos registrados A Jornada do Herói® e A Arte da Guerra Oriental®.


Logo do treinamento
"A Jornada do Herói"
Criado e patenteado pelo
 Instituto ATENA, em 2004.
As características do líder

Estive pensando, em anos trabalhando no ramo de treinamento pessoal e empresarial, sobre as características de um líder real e, observando muitos dos fenômenos psíquicos, gerenciais e culturais do ambiente gerencial e muitos dos fenômenos sociais, históricos e políticos da história da humanidade, creio que a boa liderança possa ser alicerçada em dois valores que se equilibram mutuamente. Os gregos costumavam chamar esses valores de "Areté" e "Timé", o que nós chamaríamos de "superioridade" e "honra". Não é à toa que, para eles, esses eram os valores que formavam o perfil do "Herói".

A Areté, superioridade

A Areté corresponde à característica de "ser o melhor", o que nós poderíamos traduzir como "superioridade". Na Grécia Clássica havia o grupo dos "melhores" ou dos "superiores", os Aristói. Os conceitos que determinavam sua superioridade estão, hoje em dia, em desuso e não se adequam mais às nossas vivências cotidianas. Agamêmnon, por exemplo, foi o rei dos reis de seu tempo e era considerado um Aristói porque sua linhagem descendia diretamente de Zeus, o rei dos deuses do Olimpo. Mas o que é um "aristói" hoje em dia?

Hoje em dia um Aristói poderia ser compreendido como um indivíduo que é capaz de colocar em movimento tudo o que planeja para sua vida em todos os aspectos. Seria aquele que faz aquilo a que se pretende e que é reconhecido por isso pelos que lhe importam receber tal reconhecimento. Basicamente ele planeja, executa e é reconhecido.

A Areté não é algo que seja dado e sim algo que seja conquistado e conscientemente procurado. A principal característica da formação de um Aristói é a disciplina, através da qual ele organiza sua vida e sua constante preparação e trabalho para a busca do mérito, prêmio mais importante a que almeja, o merecimento pelas glórias alcançadas.

Timé, a honra

A pensarmos na superioridade pura e simples, poderíamos viver num mundo de pequenos déspotas ou, hoje em dia, de pequenos senhores que ministrariam suas "carteiradas" a torto e a direito à espera de que sua superioridade seja mais válida que a de outrem. Seria a lei do mais forte, o homem como lobo do homem como temia o filósofo inglês Thomas Hobbes.

É necessário que haja algum equilíbrio, algum valor que se interponha e se sobreponha às diversas "superioridades" e as conclame para além dos conflitos inevitáveis. Os gregos perceberam isso e então interpuseram o conceito de "Timé" (honra) entre os detentores de superioridade (areté). A honra garantiria que todos se submetessem a uma mesma justiça, por exemplo, ou que acordos firmados entre eles deveriam ser respeitados sob pena de perda dessa mesma honra, o que acarretaria em desgraça social, ostracismo e perda de status.

Até o famoso oráculo da cidade grega de Delfos, na Grécia, que era o centro de referência para as grandes discórdias e contendas, assim como das dúvidas existenciais, continha na sua fachada mensagens que buscavam conter o abuso do poder dos Aristói: "Gnoti Sáuton", o famoso "Conhece-te a ti mesmo" que se referia não só a quem se é, mas aos seus predescessores e sucessores à sua linha familiar e também a segunda frase "Méden Ágan", "nada além da justa medida" que era um lembrete para que nunca atravessemos o limiar de nossa honra ou da justa medida nos nossos atos.

A Timé nas empresas
O desenvolvimento da Timé se observa hoje na cultura empresarial quando percebemos o crescimento das preocupações concernentes à:

. Responsabilidade social
. Responsabilidade ambiental
. Disciplina financeira

Sem essas observações em relação à Timé a maior parte das indústrias mundiais, das grandes corporações aos pequenos empreendimentos simplesmente não tem defesas contra, por exemplo, uma campanha negativa veiculada por redes sociais. Sem contar que temos vivido a tendência do "just-in-time", da lógica de produção clara e objetiva, da preocupação objetiva e meritória com o nosso planeta, nossa saúde, nossa liquidez e acompanhamento claro e objetivo dos nossos investimentos (sejam em relacionamentos, aprendizado ou financeiros mesmo).

A preocupação com a honra de uma empresa, com sua imagem social, com sua colaboração ao universo no qual está inserida dentro de sua cadeia produtiva e (para as maiores) dentro do planeta, é um imperativo lógico para os que pensam seus negócios de forma estratégica e sustentável.

No nosso contexto as palavras "estratégia" e "sustentabilidade" acabam virando sinônimos empresariais de Areté e Timé, da nossa superioridade e da nossa honra.

Texto: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
Conheça nosso curso A Jornada do Herói