sexta-feira, 27 de maio de 2011

Palestra on line sobre o Curso "A Jornada do Herói"


A Palestra on-line sobre o curso "A Jornada do Herói" ocorreu nessa terça feira 24 e teve mais de 50 pessoas assistindo ao vivo.

Numa votação de zero a cinco estrelas, levamos as cinco para casa!

Tivemos o prazer de sermos convidados para ministrar o curso no Espírito Santo, São Paulo, Colômbia e até Portugal!

Contamos mais de dez mitos de deuses gregos, entre eles Atená, Dioniso, Éris, Nike e muitos outros...

Foi maravilhoso poder ter essa receptividade e carinho ao meu trabalho e paixão. Obrigado a todos!

Para ver a palestra na íntegra, clique no link abaixo e, dentro dele, em "View Recording"
http://www.wiziq.com/online-class/548594-a-jornada-do-her%C3%B3i-com-renato-kress



Informações sobre o curso:
http://www.institutoatena.com/jornada.html

16 horas de curso
2 sábados
Material único: Apostila 100% ecológica, CD com material extra-classe. Materiais exclusivos para a realização das dinâmicas.

Contatos, perguntas, inscrições:
contato@institutoatena.com

Atreva-se a ser o Herói da sua Jornada!

A Jornada do Herói: Katábasis, o mergulho nas trevas interiores

Eu sou aquilo que vai
Se o Renato de uma década atrás encontrasse o Renato de agora provavelmente teria um susto. Em muitos aspectos sou muito menos do que esperava ser aos vinte e oito anos e em outros aspectos sou muito mais. Há sempre uma construção nossa, uma perspectiva de que iremos desenvolver determinados projetos, faremos determinadas idéias se materializarem em nossas trajetórias, movimentaremos essa ou aquela idéia, nos casaremos, teremos mais tempo para isso, menos para aquilo...
Estamos continuamente nos criando e recriando, lentamente adquirindo e descartando pequenas partes de pertencimento, transformando essência intrínseca em anuência extrínseca e vice versa. Viver é recriar-se e recriar-se é definir o que queremos que nos acompanhe de agora em diante e o que dispensamos, aquilo que "já deu o que tinha que dar", que já "perdeu o sentido". Determinados relacionamentos, profissionais, afetivos, pessoais, sociais, são necessários para que aprendamos essa ou aquela maneira de encararmos o mundo, de vivermos essa ou aquela experiência específica. É assim que - os que observam e refletem - adquirem experiência.


Para quem não está de olhos bem abertos é possível viver toda uma experiência humana, toda uma vida, acumulando um mínimo de aprendizado e maturidade. É possível e mesmo esperado, dentro da cultura de medo em que somos submersos pela mídia contemporânea: medo de não pertencer, de não ser bom o suficiente, de não ser "líder", pró-ativo, reativo, agressivo, bem sucedido etc. Mas será que vale a pena?

Tempo Forte, tempo de criação
Começo a observar essas possibilidades e trabalhar com a idéia de "tempo forte" do romeno Mircea Eliade, um historiador romeno das religiões. Segundo ele no "tempo forte" é que todas as realidades são criadas, estruturadas, e é a partir do "tempo forte" que nós dotamos a vida de sentido.

Quando sofremos uma perda grande em nossas vidas, seja uma pessoa querida, uma grande verdade na qual nos alicerçávamos ou uma determinada situação que julgávamos como "resolvida", reestruturamos os valores pelos quais pautamos nossas vidas. Quando percebemos que nossa lógica de pensamento e ação não está seguindo por um caminho que nos satisfaça às aspirações, repensamos as linhas mestras que nos levaram até ali. É então que o "tempo forte" se manifesta. Através de uma grande dor interna que desencadeia uma grande quantidade de energia, com um potencial absurdo para a mudança. É aí, nesse instante que reside "o tempo forte".

O Bardo, tempo de oportunidade
O budismo tibetano possui um conceito denominado "bardo" que o monge Sogyal Rimpoche explica no seu Livro Tibetano do Viver e do Morrer da seguinte forma:
"Os bardos são oportunidades particularmente poderosas para a liberação porque são, segundo nos mostram os ensinamentos, certos momentos muito mais poderosos que outros, e muito mais carregados de potencial; tudo o que se faz neles tem um efeito crucial e de longo alcance. Penso num bardo como num momento em que se marcha para a beira de um precipício; tal momento, por exemplo, ocorre quando um mestre introduz um discípulo à natureza essencial, original e mais profunda da mente..."

A Jornada do Herói e o "Mergulho nas Trevas"
Dentro do curso A Jornada do Herói, criado e patenteado pelo Instituto ATENA, temos uma técnica denominada "katábasis" que é justamente essa idéia de, dentro de um ambiente sob controle do aluno e dentro de suas capacidades e perspectivas, operar a criação de um "tempo forte", de um "bardo", no qual teremos a oportunidade de desenvolver as mudanças necessárias a que levemos a vida que desejamos levar.

É um momento em que agradecemos aos nossos "grandes opositores" aos nossos "inimigos internos" por todas as suas intenções positivas, aceitando o que nos cabe e descartando o que não mais condiz com a nossa fase da vida. É a oportunidade de agradecer aos aprendizados, tomar consciência de nós mesmos e deixarmos morrer tudo aquilo que "já não mais nos pertence" mas que por alguma desatenção interna carregávamos como fardos desnecessários, quando algumas grandes verdades da infância ou adolescência podem ser repensadas e reestruturadas.

É sinceramente prazeroso ver muitos heróis, cada qual em sua jornada, se desfazendo de grandes verdades que já não lhes cabem hoje em dia, sempre mantendo a intenção positiva de "proteção", "respeito e cuidado para consigo mesmo", e outras que vierem a ser percebidas e reestruturando essas intenções positivas com o conhecimento que possuem de hoje. Porque o Renato de dez anos atrás não saberia lidar com os desafios que motivam o Renato de agora.

A arte do mergulho interior, a Katábasis
A Katábasis é uma técnica desenvolvida misturando programação neurolingüística, estados alterados da consciência, hipnose, xamanismo e estudos antropológicos acerca de estados iniciatórios e "tempos fortes" de diversas culturas e narrativas mitológicas mundiais. Uma técnica criada e patenteada exclusivamente para ser ministrada no curso A Jornada do Herói.

Por que mergulhar?
Como já foi dito antes é perfeitamente possível viver toda a vida sem repensarmos nossas atitudes e perspectivas em relação a nós mesmos. Sem reestruturarmos nossas certezas, nossas crenças, nossas perspectivas e vivências. Mas viver a vida assim, carregando as certezas de uma infância, de uma adolescência até mesmo do início da idade adulta, é corrermos o risco de nunca assumirmos a responsabilidade sobre nossas crenças, sobre nossas ações no mundo. É uma vida infantil e sem mérito. Assumir uma postura no trabalho porque uma revista ditou a nova moda gerencial, tratar meu filhos assim ou assado porque o meu pai tratava, agir dessa ou daquela forma porque "assim me foi passado". As tradições e as formas de levarmos a vida estão aí para serem conhecidas, nunca para substituir nossa autonomia e responsabilidade sobre nossos atos, escolhas e muito menos sobre a vida que levamos. Que eu conte histórias para meus filhos porque meu pai contava histórias para mim, claro, mas que eu escolha contar conscientemente cada uma delas, que seja parte de mim, escolhas responsáveis e conscientes, para que o mérito dele ou do avô do avô dele (quando criou essa "tradição familiar") não seja deixado para trás. Do contrário a própria "tradição" perde o seu sentido.

"Se nos recusarmos a aceitar a morte agora, enquanto ainda estamos vivos, pagaremos caros por isso no correr de nossas vidas, no momento da morte e depois dela. Os efeitos dessa recusa vão arruinar essa vida, e todas as outras que virão. Não seremos capazes de viver nossas vidas plenamente; ficaremos aprisionados no exato aspecto de nós mesmos que deve morrer. Essa ignorância nos despojará do elemento principal na nossa jornada para a iluminação, capturando-nos para sempre no reino da ilusão..." - Sogyal Rimpoche, O Livro Tibetano do Viver e do Morrer.

Mergulhar na Katábasis é reduzir ao mínimo denominador comum. Que, em linguagem da programação neurolingüística, é sempre reduzir à intenção positiva. A Katábasis é a forma de encontrar o alicerce dessa intenção positiva e ser responsável pelo que a partir dela será criado. É um primeiro passo para sermos os protagonistas de nossas próprias histórias.

Artigo por: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
Criador do curso A Jornada do Herói

quarta-feira, 18 de maio de 2011

A Real Estratégia: Sun Tzu, cases de sucesso e auto-ajuda contemporânea

Sempre que caminho por entre as livrarias não me furto à oportunidade de vasculhar os livros de programação neurolingüística (pnl), de coaching, de mentoring. Deveria ficar a critério de um bom biblioteconomista mas acredito que fique a cargo dos próprios funcionários a alocação dos livros. Os de pnl e coaching acabam ficando próximos ou mesmo em três seções: auto-ajuda, administração e psicologia. Bem, tanto a pnl quanto o coaching são ótimas ferramentas que podem auxiliar nos três processos: resolução de questões e angústias pessoais, administrar metas e alcançar objetivos e conhecer-se melhor para viver melhor. São áreas correlatas e é saudável que sempre que possível, trabalhem em uníssono.

Observando os livros que ladeiam os de pnl e de coaching pude notar o excesso de livros com 10 passos, 7 passos, 20 hábitos, 30 técnicas etc para ser mais assertivo, próativo, um vendedor de sucesso, um empresário de sucesso, para resolver isso ou aquilo etc e essas publicações me preocupam.

Sistemas Complexos

Me preocupam não porque esses 10 passos, 20 hábitos ou 30 técnicas não sejam funcionais, muitas vezes o são e são muito até! Tudo depende, é claro, da expectativa com que se adquire tais livros e da forma como se lê essas obras. Quem trabalha com teoria social sabe o quão penoso, inglório, injusto e decepcionante é tentar adequar a sociedade a uma teoria sobre essa sociedade. O mais sábio é sempre sacrificar toda ou pelo menos uma parte da teoria e não querer que a realidade se encaixote para caber nesse ou naquele modelo - porque isso nunca acontecerá. Sociedades são sistemas vastos, complexos e dinâmicos demais para caber em qualquer teoria. O mesmo se aplica ao ser humano.

Indivíduos únicos, circunstâncias únicas

Cada ser humano tem uma representação da realidade diferente. Um pintor sabe muito mais cores e nuances do que o escritor desse texto, com toda certeza. Um cozinheiro conhece muito mais filigranas e teores de sabores que a maior parte de nós. Um índio vive toda a sua vida num ambiente em que nós morreríamos em questão de dias. Seres humanos são diferentes, são frutos de experiências de vida diferentes.

Percepções e pnl

Não me preocupa a intenção do escritor do livro - que elencou um modelo interessante, inteligente talvez mesmo revolucionário de alcançar um determinado objetivo - não me preocupa porque é disso que se trata a pnl, por exemplo. "Modelar", criar um modelo baseado na conduta intrínseca (valores, crenças, identidade) e extrínseca (ambientes, comportamentos, habilidades) de um indivíduo e usar esse modelo para atingir uma performance maior que a que ele atingia anteriormente.

A intenção do leitor

Me preocupa mesmo é a forma como compramos essas obras, como muitas vezes acreditamos sinceramente que a aplicação de um modelo baseado num indivíduo que alcançou um determinado sucesso (suponhamos a criação de um "Modelo Eike Batista" por exemplo) nos faz crer que teremos os mesmos resultados que os alcançados pelo indivíduo modelado. Isso é irreal. As circunstâncias da vida de um Schumacher e o talento de um Schumacher são pessoais e intransferíveis, o que não quer dizer que eu não vá dirigir melhor se modelar o Schumacher, com certeza irei. Mas nunca como ele.
O que você espera que
aconteça ao terminar de
ler um livro como esse???

O problema nos livros com 10 passos, 20 hábitos ou 30 técnicas é que muitas vezes o leitor não tem uma meta bem definida (literalmente não sabe o que quer) e, quando chega ao final do livro, tendo aplicado melhor ou pior alguns dos seus preceitos, fica genuinamente decepcionado ao olhar ao redor e não estar efetivamente "no cockpit" ou balançando uma garrafa surrealmente grande de champagne, vestindo um macacão todo tatuado de empresas e ouvindo as pessoas saudando ele.

Nenhum "case de sucesso" foi criado baseado em outro "case de sucesso"

Quando não temos uma meta bem definida, quando não sabemos o que queremos, nenhum modelo será bom o suficiente, nenhum hábito, nenhuma técnica, nada será eficaz. Mas além disso há também outro fator a ser considerado: a especificidade da realidade à qual aplicamos aquele modelo.

Só sistemas fechados e simples
comportam soluções únicas!
Trabalho com empresas e empresários e muitas vezes ficamos um bom tempo tendo descobertas acerca dos "cases de sucesso". Muitas vezes vejo eles lendo os "cases" como leitores inocentes de auto-ajuda, como se pudessem aplicar, por exemplo, a estratégia da Nike ao problema da Grendene. A Nike tem especificidades, tamanho, estruturas de produção e logística que a Grendene não tem e as "estratégias" da Nike dificilmente se encaixarão nas metas da Grendene. São ambas empresas do ramo de calçados, mas a semelhança nasce e morre aí.

Um "case de sucesso" deve ser lido para percebermos como uma empresa com problemas utilizou os recursos de que dispunha para resolver a questão ou até para alavancar o seu desenvolvimento através dessa situação, mas nunca com a expectativa de aplicarmos diretamente aquele "case" ao nosso caso particular.

Sun Tzu, no capítulo seis da obra "A Arte da Guerra" diz:
"Todo mundo conhece a forma que resultou em vencedor, porém ninguém conhece a forma que assegura a vitória. Em conseqüência a vitória na guerra não é repetitiva, senão que adapta sua forma continuamente. Determinar as mudanças apropriadas significa não repetir as estratégias prévias para obter a vitória. Para consegui-la, posso adaptar-me desde o princípio a qualquer formação que os adversários possam adotar."
Esse texto, escrito a 2500 anos, já nos alertava para a facilidade em perceber o vencedor depois da batalha vencida: "Todo mundo conhece a forma que resultou em vencedor", e para a impossibilidade de saber uma única forma que resulte na vitória: "...porém ninguém conhece a frma que assegura a vitória.", mas o mais importante é sempre a noção de que a vitória não se dá por modelos vitoriosos - nenhum "case de sucesso" foi baseado inteiramente em outro "case de sucesso" - e sim pela capacidade dos indivíduos envolvidos na tarefa de adaptarem-se às circunstâncias reais dadas no momento da "batalha".

Adaptação e vitória

Não estamos aqui apenas porque soubemos lutar bravamente com paus e pedras de 5000 anos até hoje, estamos aqui porque as situações mudaram e nós soubemos nos adaptar. Falando em adaptação, é bom que ela seja sempre mediada por nossas circunstâncias exteriores e orientada para nossas metas. São os dois focos da nossa atenção "no calor da batalha". Um célebre ocidental que estudou muito aprofundadamente acerca da adaptação, percebeu a importância dessa mesma atenção:

"A atenção é a mais importante de todas as faculdades para o desenvolvimento da inteligência humana." - Charles Darwin

Texto de Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
Criador dos Treinamentos A Arte da Guerra e A Jornada do Herói