sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Meta, foco, direcionamento de energia e resultado

Culturalmente dispersamos nossa atenção sobre desejos materiais, comerciais, projetando nossa mente para o passado morto e para o futuro incerto ao invés de concentrarmos nossa energia, pensamento e foco sobre nossas metas. Depois de algum tempo nesse círculo vicioso percebemos o vazio de não vivermos nosso próprio presente, nossa própria jornada.

Por isso o pensamento oriental, especificamente o pensamento do Zen Rinzai, tem sido cada vez mais divulgado no ocidente, seja através de pensadores ocidentais como o Dr. Eckhardt Tolle ou orientais como Osho.

A seguir um conjunto de citações de origem oriental sobre foco, meta e energia direcionada.

Frases de Dugpa Rimpoche, Monge budista de Nagarkot, fronteira com o Tibete

"Concentra teu espírito sobre uma coisa de cada vez, evita a dispersão. Reúna tua vontade numa cabeça de alfinete, e atravessarás o obstáculo."

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"Tú és o teu próprio adversário, a repetida causa dos teus fracassos. há em ti um mundo obscuro que ainda não conheces. Enfrenta-o com armas luminosas."

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"Não desvies nunca a cabeça em face do obstáculo. Desarma-o pela paciência e pela alegria."

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"Deves tornar visível o objetivo que queres atingir, como uma mandala durante uma meditação. Aprende a amar o bom êxito. Faze com que ele brilhe acima de teus atos, como um sol, uma bela luz. Somente então ele se dará a ti."

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"A chance sempre aparece para aquele que a deseja. Nunca subestimes teus sonhos. Deves fazer um pacto com eles, pois são a fonte e a força inesgotáveis que te permitirão vencer. Atrás do obstáculo surge uma liberdade inteiramente nova, um horizonte mais vasto."

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"Não há passado nem futuro. O que fazes, tu o fazes sempre aqui e agora. O instante é o único lugar da experiência onde a vida pode ser apreendida, experimentada, sentida. O passado e o futuro pertencem à fantasmagoria e são tão importantes quanto os fumos do nevoeiro. Aprende a agir a partir do presente, se quiseres mudar a vida."

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"Sê pleno agora. Não há outro lugar ou tempo para isso."

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"Tudo começa hoje."


Frases: Dugpa Rimpoche

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Religião e Espiritualidade

Texto de autoria desconhecida.




A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer, querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: “aprende com o erro”.

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualide nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida. 


(Texto tirado da internet, sem autor)

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Budismo e contracorrente cultural



Atualmente o budismo tem sido uma das religiões (ou filosofia espiritualista ou filosofia religiosa, dependendo da concepção que podemos ter do conceito) que mais cresçem entre empresários e homens de negócios, por vários motivos.

Meditação contra mídia
Como estudioso das religiões me vêm à mente a questão de que a filosofia de vida Budista efetivamente serve como um contraponto poderoso frente aos inumeráveis estímulos sensoriais da nossa sociedade contemporânea. Se vivemos submersos em estímulos que nos dizem que teremos mais status, seremos mais viris, mais jovens, mais poderosos, bem sucedidos e pró-ativos se deixarmos nossa atenção se dispersar por entre os inúmeros anúncios para compras de panelas, celulares, cursos, livros, roupas, perfumes, revistas etc, o budismo nos traz à realidade e nos possibilita viver o agora, fruir o momento sem projetarmos nossa existência no passado (imutável) ou no futuro (fonte de anseios, angústias, medos, pressões).

Deixo aqui algumas frases valiosíssimas do budismo tibetano para o nosso dia a dia:


"Não há passado nem futuro. O que fazes, tu o fazes sempre aqui e agora. O instante é o único lugar da experiência onde a vida pode ser apreendida, experimentada, sentida. O passado e o futuro pertencem à fantasmagoria e são tão inconsistentes quanto os fumos do nevoeiro. Aprende a agir a partir do instante, se queres mudar o fluxo da vida."


"O instante não tem limite.  se pudéssemos vivê-lo plenamente saberíamos o que é a eternidade, pois o presente é eterno"


"Nós viemos daqui e este aqui nunca saiu do lugar"


"Representamos (os tibetanos) o instante como um vazio rodopiante, no centro da roda da vida e da morte. é o cubo da roda. Esse estado de ser nunca desaparece. Ele é a permanência, o fundamento, e, no entanto, ele funciona sem cessar, sem jamais alterar sua imobilidade radiante."


"Aprende a agarrar o instante. Não te furtes, Não fujas para a fantasmagoria do passado ou do futuro. Concentra teu espírito, onde estiveres, com uma consciência acurada do instante. Ele se acha onde nós nos achamos. Não há outro lugar senão aqui."


"Liberta-te do passado e do futuro, mas presta atenção ao instante que passa. Somente ele é real. Todo o mais é ilusão."


"Quantos anos gastaste refugiando-te em vão devaneios? A felicidade não espera. Ela se dá aqui e agora. Não há outro lugar ou tempo."


"Para agarrar o instante que passa, basta abrir o coração"

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
www.institutoatena.com

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A importância de criar o caminho

Você já se interessou por budismo, kung-fu, yoga ou meditação zen? Já quis ler "A Arte da Guerra" de Sun Tzu ou o "Tao de Ching" de Lao Tsé? Cada vez mais entramos em contato com tradições alheias à nossa raiz ocidental, talvez por um desgaste de nossas interpretações sobre nós mesmos, talvez por uma necessidade de complementaridade simbólica entre ocidente e oriente, às vezes por uma fuga da atmosfera competitiva, agressiva, pró-ativa de nossa cultura contemporânea. Seja qual for o motivo de nosso interesse nas culturas de nossos irmãos do outro lado, em geral tendemos a querer enxergar neles uma pureza ou uma ancestralidade que não é real.

Novas Perspectivas
Quando nosso dia a dia nos leva a querer meditar, fazer yoga, aprender técnicas de controle respiratório para um melhor circulação do "prana" ou ampliar a percepção do nosso "ki ou chi" através de artes marciais percebemos que estamos indo em direção a um caminho já traçado anteriormente e nos interessamos por outras culturas, outras concepções de um mundo visto por outros olhos.

Fascínio
Em especial fascinam a nós, ocidentais, as derivadas do extremo oriente - Índia, China e Japão - e então temos a impressão de estarmos falando de "tradições espirituais" ou "conhecimentos milenares" de uma forma mais "pura", como se elas nos chegassem diretamente, sem as intervenções e modificações que fazem a nós, ocidentais, perdermos algum contato com o que chamaríamos de "raizes".

Cada vez mais nos voltamos para a leitura de obras como o "Mahabharata", a epopéia indu da batalha pelo controle do mundo, ou "O livro dos cinco anéis" do mestre espadachim japonês Miyamoto Musashi, "A arte da Guerra" do General chinês Sun Tzu, o "Tao te Ching" do filósofo chinês Lao Tsé ou os aformismos de outro filósofo chinês, Kung-fu-tsé (Confúcio). Até aí tudo bem, na verdade tudo ótimo! Ampliar nossa leitura da realidade é o que efetivamente nos faz desenvolver formas alternativas de ver e reagir ao mundo, nos torna mais criativos e surpreendentes, seja na vida pessoal ou no trabalho. O problema está em procurarmos viver caminhos que não são os nossos ao invés de integrar sabedorias milenares em nosso contexto contemporâneo.

O problema da pureza
Buda (o símbolo no peito é indu)
Ao buscarmos tradições oriundas do oriente é comum esquecermos que elas também se interligam, interpenetram e confluem. Mais comum ainda é nos esquecermos de que é justamente essa interligação e confluência que caracteriza a obra dos grandes mestres aos quais recorremos. Por exemplo, no introdução do livro dos cinco anéis Miyamoto Musashi escreve: "...Escalei a montanha Iwwato Higo, em Kyushu, para homenagear o céu, rezar para Kwannon e ajoelhar-me diante de Buda." Só nessa frase, no primeiro parágrafo de sua obra, já especifica interferências de três leituras religiosas distintas! 

1) "...homenagear ao céu..." - Homenagear ao céu significa homenagear a "Ten", divindade oriunda do Xintoísmo. Xinto -uma palavra composta pelos ideogramas "Kami" (Deus) e "Michi" (caminho) - é a antiga religião do Japão.
Kwannon (lembra alguém?)

2) "...rezar para Kwannon..." - Kwannon é a deusa da misericórdia numa leitura japonesa do budismo,  recheada de santos.

3) "...ajoelhar-me diante de Buda..." - Essa passagem já fala claramente do Budismo japonês, mais reverente à figura do Buda que o indiano, que compreende "o Buda dentro de cada um de nós".

Musashi é um grande mestre da espada e da estratégia e tinha plena consciência de que as diversas tradições espirituais ou filosóficas com as quais entrou em contato ao longo de sua vida nada mais eram do que ferramentas para que ele criasse o próprio caminho. Ele só pôde ser Musashi porque não se preocupou em ser Kwannon, Buda ou Kami. Ele é um mestre porque cria o próprio caminho e porque o vive com intensidade e honra. Se não sempre uma honra socialmente viável, ao menos uma honra interna, uma fidelidade a si mesmo.

Treinamentos culturais
Quando estudamos tradições da Índia, China e Japão dentro do curso A Arte da Guerra Oriental no Instituto ATENA estudamos com a perspectiva de criarmos nosso próprio caminho, de executar nossa jornada pessoal para que possamos buscar bases instrumentais num universo diverso do nosso. Só assim poderemos criar e obter resultados mais criativos, inovadores e eficientes. Do contrário ficaríamos presos seja nos nossos referenciais ocidentais, seja na busca por uma "essência" oriental e não deixaríamos a "energia fluir" entre esses dois pólos, como nos ensina, por exemplo, tanto o Taoísmo chinês, quanto o Phrana e a teoria do atman indianos.

Mac Iluminação
Nós ocidentais estamos, em geral, muito mal acostumados com a idéia do "ready-made" do "fast-food" e, em geral, o que nos ensinam os grandes mananciais nos quais vamos beber quando nossa sede de saber não é alimentada por nossos "pocket-books" existenciais, é que todos os caminhos estão prontos, menos o nosso. O caminho de Sun Tzu na China quinhentos anos antes de Cristo ou o de Maquiavel na Itália em 1500 depois de Cristo são caminhos que foram interessantes e úteis a seus autores (menos para o italiano que morreu pobre e sem fama do que para o venerado e rico general chinês) em suas épocas. Cabe a nós observarmos o que podemos apreender desses caminhos para a nossa vida e para o nosso contexto. O uso que se fez no ocidente do símbolo no peito da estátua de buda na figura acima, por exemplo, foi um uso de responsabilidade da mente ocidental, mas podemos fazer coisas maravilhosas e transcedentais também em nossas vidas, afinal sobre oriente e ocidente não cabem adjetivos como "melhor", "pior", "bom" ou "ruim", apenas "diferente" e, nesse caráter, enriquecedor. Só assim, operacionalizando nosso crescimento através da compreensão de perspectivas novas poderemos empreender a jornada que nenhum grande mestre de nenhum tempo pode fazer por nós.

Oriente Ocidente
A raiz dos termos "Oriente" e "Ocidente" tem a ver com o movimento do sol, nascimento e morte do dia. De fato "oriente" vem da mesma raiz que a palavra "origem", e "ocidente" vem de "ocidere" a palavra latina para "morrer". Podemos sempre deixar que nossas idéias, nossos projetos e trabalhos se banhem e nasçam em outras terras, mas não podemos deixar de observar que elas devem "morrer", encontrar seu fim, seu término, aqui, no nosso solo, no nosso contexto, na nossa vida cotidiana. Isso é criar o próprio caminho.

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Kendô e Zen - O caminho da espada e o fluxo da vida



Extratos do texto "Arte, disciplina, vontade", do CD que integra o treinamento 'A Arte da Guerra Oriental'

"(...) O caminho da espada é o ensinamento moral dos samurais, incentivado pela filosofia confucionista, que moldou o sistema da era Tokugawa e pelo xintoísmo, religião natuva do japão. Os tribunais de guerra do japão do período Kamakura ao período Muramachi encorajavam o austero estudo Zen entre os samurais, que era intimamente ligado às artes da guerra. No Zen não há elaborações; ele visa diretamente a verdadeira natureza das coisas. Não existem cerimônias nem ensinamentos: a recompensa Zen é essencialmente pessoal. Iluminação, no Zen, não significa estritamente uma mudança no comportamento, mas sim uma percepçào profunda da natureza da vida comum. O ponto final é o começo e a grande virtude é a simplicidade.

Dessa forma podemos compreender como as etapas para obter a maestria em qualquer habilidade - incompetência inconsciente (sequer sei que não possuo tal habilidade ou conhecimento), incompetência consciente (sei que não possuo tal habilidade ou conhecimento), competência inconsciente (sei que possuo tal habilidade e conhecimento) e finalmente competência inconsciente (não sei explicar como, mas simplesmente possuo tal habilidade e conhecimento, ela faz parte de mim - nível de maestria) - já estavam imersas no cotidiano desses guerreiros há mil anos, considerando o período Kamakura, iniciado em 1185.

(...)

O ensinamento secreto da escola Kendo Itto Ryu, Kiriotoshi, é a primeira entre cento e poucas técnicas. É o ensinamento conhecido como "Ai Uchi", que significa golpear o oponente na hora em que ele golpeia você. É a alocação perfeita de tempo, é a ausência de ira. Significa tratar o inimigo como um 'convidado de honra'. deixando que ele tome a iniciativa. Significa também abandonar a própria vida ou, menos metaforicamente, abandonar o medo.

É a isso que chamamos "senso de oportunidade", a noção tão reta e "natural" de executar uma ação que é quase como se ela não fosse executada, mas apenas seus efeitos se encaixam no contexto modificando a confluência de forças em movimento em prol do seu objetivo e não do objetivo do oponente. O objetivo do oponente não é sequer considerado, apenas o fato de que o nosso objetivo ocorrerá primeiro e de forma mais natural, fluídica e poderosa.

(...)

A primeira técnica é a última, o iniciante e o mestre comportam-se do mesmo jeito. O conhecimento é um círculo completo. O primeiro capítulo da obra de Miyamoto Musashi, o "Livro das Cinco Esferas" ou Livro dos Cinco Anéis, é a Terra, como base do Kendô e do Zen, e o último livro é o Vazio, que é a compreensào, que só pode ser expressa como o 'nada'.

A princípio isso pode parecer complexo e pouco prático, não? Bem, eu o convidaria a pegar um carro e dar uma volta pensando nisso. Se você fosse capaz de dar a volta no quarteirão pelo menos, só pensando exclusivamente nessa frase acima, é uma indicação de que você já compreendeu o ensinamento sobre a Terra e o Vazio. Afinal, dirigir é uma habilidade prática (terra), que você introjetou a ponto de executar com maestria suficiente para poder deixar sua mente livre (Vazio) para pensar em outra coisa enquanto executa aquela habilidade. Maestria é isso e um pouco mais. É essa habilidade funcional primária que se torna uma maestria- uma segunda natureza - e, simultaneamente, é também uma habilidade em que você se torna pleno de potencialidades, o espaço do improviso, da sublimaçào da técnica, do 'vazio' como espaço pleno de potencialidades criativas e ações naturais orientadas pela técnica, que já não é técnica e passa a integrar a nós mesmos como um todo íntegro.

Os ensinamentos do Kendô são como os ferozes ataques verbais a que o estudante zen deve se sujeitar. Assaltado pela dúvida e pela dor, com a mente e o espírito tumultuados, o estudante é gradualmente conduzido pelo mestre à percepçào e à compreensão. O estudante de Kendô pratica furiosamente milhares de golpes dia e noite, aprendendo técnicas violentas de horríveis combates, até a espada tornar-se 'não-espada' e a intenção tornar-se 'não-intenção', simplesmente conhecimentos espontâneos de todas as situações.

É essa a essência de qualquer treinamento, aprender, tornar uma habilidade ou conhecimento 'naturais', 'inerentes', 'parte integrada' da pessoa. É essa a essência dos treinamentos ATENA"

Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Tradição indígena Pawnee



"Os territórios interiores são semados de emboscadas e armadilhas. São as manias, os vícios, os maus hábitos, as feridas da alma, jamais curados. Desce em ti munido da tocha do espírito. Toma consciência da maravilhosa aventura que te é ofertada: nesta terra não houve outros viajantes antes de ti."
-*-
"Quando recorres à meditação, lembra-te de que ignora tudo a teu próprio respeito. Prepara-te como para um grande encontro. Tu vais percorrer um território sagrado, encontrar os mestres-espíritos, animais de poder, a alma de teus ancestrais e a alma de todos aqueles que te precederam na senda da vida. O espírito do homem é um abismo de pura luz, que se estende além do corpo infinito e que atravessa o tempo."
-*-
"O espírito que contempla vê a dança e os turbilhões sem fim dos mundos, as luzes e as cores que estão no começo das coisas. Tudo o que o cerca, toda a esfera infinita do espaço não está mais longe dele, mas nele, no interior dele."
-*-
"Teu desejo é a primeira forma do poder. Numa profunda meditação, o desejo não é uma simples sensação que nasceria da contemplação de um devaneio. Ele se libera do sonho e carrega o corpo consigo. Tu deves fazer do desejo e do corpo um mesmo espírito, consciente de si mesmo, se queres que ele realmente aja."
-*-
"O poder é não raro transmitido pelos sonhos, sob a forma de visões coloridas, de palavras ou de contos que surgem das profundezas. Os sonhos de poder são facilmente reconhecidos. Eles deixam pela manhã um sentimento de poderosa nostalgia. Se estes sonhos costumam te visitar sempre, sabe que eles anunciam o nascimento de um poder.
-*-
"Aprende a respirar com lentidão, imaginando tua respiração como uma onda de luz cintilante e pura. Este exercício, conhecido pelos guerreiros Powhatans, proporciona grande energia."

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Tradição indígena Winnebago


"O importante é estarmos conscientes de nós mesmos, de nossas relações com as coisas, com as pessoas, com as idéias. É preciso não sermos presas do jogo e aprofundarmos nossas relações e nossa percepção do mundo. Somente depois é que começa o real."

-*-

"Hoje temos medo de viver, medo de morrer, porque nunca vivemos no imediato. A reflexão nos afasta do centro de nós mesmos e nos arrasta para mundos ameaçadores, que causam desespero. O espírito brinca de criar o mundo, como o ator que se disfarça de fantasma, e nós trememos quando aparece diante de nós. Aprende a ver atrás das máscaras."

-*-

"A calma interior é um espaço bem real, uma rocha sólida que não é afetada pelos rumores do mundo nem pela agitação dos homens. Ela é o centro em torno do qual o universo se desloca, a origem e o fim de todas as coisas. O sábio não a utiliza para abrigar sua vida, isolando-se do mundo. Ele aí se mantém relaxado, em estado de vigília, lúcido e imóvel, como no olho do furacão."

-*-

"Alegria e amargura, prazer e tristeza moram alternadamente dentro da gente, assim como o dia e a noite, a vida e a morte. Se desejas progredir espiritualmente, considera-os como as duas margens de um rio que corre no mesmo sentido."

-*-

"A paz nunca chega de surpresa. Ela não cai do céu como a chuva. Ela vem para aqueles que a preparam."

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Areté e Timé, as características do líder.


Atualmente há uma grande comoção mundial em torno da busca ou do reconhecimento da liderança. É notório a necessidade visceral que a sociedade atomizada pelo excesso de informações e pela falta de conhecimento manifesta em sua busca por um "eixo" doador de sentido às experiências cotidianas e às avalanches instantâneas de informações, dados, inovações etc.

Vivemos na era da criatividade e da velocidade, e precisamos, como sempre precisamos como espécie, dotar de sentido o universo caótico ao nosso redor. É dessa busca de sentido que nasce a necessidade social de "liderança" e é dessa necessidade de liderança que trato em pesquisas e trabalhos recentes como os treinamentos registrados A Jornada do Herói® e A Arte da Guerra Oriental®.


Logo do treinamento
"A Jornada do Herói"
Criado e patenteado pelo
 Instituto ATENA, em 2004.
As características do líder

Estive pensando, em anos trabalhando no ramo de treinamento pessoal e empresarial, sobre as características de um líder real e, observando muitos dos fenômenos psíquicos, gerenciais e culturais do ambiente gerencial e muitos dos fenômenos sociais, históricos e políticos da história da humanidade, creio que a boa liderança possa ser alicerçada em dois valores que se equilibram mutuamente. Os gregos costumavam chamar esses valores de "Areté" e "Timé", o que nós chamaríamos de "superioridade" e "honra". Não é à toa que, para eles, esses eram os valores que formavam o perfil do "Herói".

A Areté, superioridade

A Areté corresponde à característica de "ser o melhor", o que nós poderíamos traduzir como "superioridade". Na Grécia Clássica havia o grupo dos "melhores" ou dos "superiores", os Aristói. Os conceitos que determinavam sua superioridade estão, hoje em dia, em desuso e não se adequam mais às nossas vivências cotidianas. Agamêmnon, por exemplo, foi o rei dos reis de seu tempo e era considerado um Aristói porque sua linhagem descendia diretamente de Zeus, o rei dos deuses do Olimpo. Mas o que é um "aristói" hoje em dia?

Hoje em dia um Aristói poderia ser compreendido como um indivíduo que é capaz de colocar em movimento tudo o que planeja para sua vida em todos os aspectos. Seria aquele que faz aquilo a que se pretende e que é reconhecido por isso pelos que lhe importam receber tal reconhecimento. Basicamente ele planeja, executa e é reconhecido.

A Areté não é algo que seja dado e sim algo que seja conquistado e conscientemente procurado. A principal característica da formação de um Aristói é a disciplina, através da qual ele organiza sua vida e sua constante preparação e trabalho para a busca do mérito, prêmio mais importante a que almeja, o merecimento pelas glórias alcançadas.

Timé, a honra

A pensarmos na superioridade pura e simples, poderíamos viver num mundo de pequenos déspotas ou, hoje em dia, de pequenos senhores que ministrariam suas "carteiradas" a torto e a direito à espera de que sua superioridade seja mais válida que a de outrem. Seria a lei do mais forte, o homem como lobo do homem como temia o filósofo inglês Thomas Hobbes.

É necessário que haja algum equilíbrio, algum valor que se interponha e se sobreponha às diversas "superioridades" e as conclame para além dos conflitos inevitáveis. Os gregos perceberam isso e então interpuseram o conceito de "Timé" (honra) entre os detentores de superioridade (areté). A honra garantiria que todos se submetessem a uma mesma justiça, por exemplo, ou que acordos firmados entre eles deveriam ser respeitados sob pena de perda dessa mesma honra, o que acarretaria em desgraça social, ostracismo e perda de status.

Até o famoso oráculo da cidade grega de Delfos, na Grécia, que era o centro de referência para as grandes discórdias e contendas, assim como das dúvidas existenciais, continha na sua fachada mensagens que buscavam conter o abuso do poder dos Aristói: "Gnoti Sáuton", o famoso "Conhece-te a ti mesmo" que se referia não só a quem se é, mas aos seus predescessores e sucessores à sua linha familiar e também a segunda frase "Méden Ágan", "nada além da justa medida" que era um lembrete para que nunca atravessemos o limiar de nossa honra ou da justa medida nos nossos atos.

A Timé nas empresas
O desenvolvimento da Timé se observa hoje na cultura empresarial quando percebemos o crescimento das preocupações concernentes à:

. Responsabilidade social
. Responsabilidade ambiental
. Disciplina financeira

Sem essas observações em relação à Timé a maior parte das indústrias mundiais, das grandes corporações aos pequenos empreendimentos simplesmente não tem defesas contra, por exemplo, uma campanha negativa veiculada por redes sociais. Sem contar que temos vivido a tendência do "just-in-time", da lógica de produção clara e objetiva, da preocupação objetiva e meritória com o nosso planeta, nossa saúde, nossa liquidez e acompanhamento claro e objetivo dos nossos investimentos (sejam em relacionamentos, aprendizado ou financeiros mesmo).

A preocupação com a honra de uma empresa, com sua imagem social, com sua colaboração ao universo no qual está inserida dentro de sua cadeia produtiva e (para as maiores) dentro do planeta, é um imperativo lógico para os que pensam seus negócios de forma estratégica e sustentável.

No nosso contexto as palavras "estratégia" e "sustentabilidade" acabam virando sinônimos empresariais de Areté e Timé, da nossa superioridade e da nossa honra.

Texto: Renato Kress
Diretor do Instituto ATENA
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